(Um dos contos de "Bandeira branca, sinal vermelho") Clarinha não percebeu quando a amiga voltou de mais uma investida mal sucedida a um motorista sozinho num carro parado naquele cruzamento da Avenida Atlântica. Apesar de cotidiana, a frustração não doía menos com o passar do tempo (“ será que hoje alguém vai me amar? ”). Era nesses momentos que Mellanie, nascida João Roberto, demonstrava sua fragilidade: gargalhando alheia à bigorna que lhe crescia no peito, xingando o motorista a plenos pulmões, ou, o mais frequente no fim das madrugadas, baixando a cabeça, sentando no meio-fio e chorando em silêncio. Clarinha nem viu a amiga se enroscar a seus pés, humilhada como um cão. Estava atônita com outro quadro. A poucos metros, amontoadas na calçada, três pessoas dormiam: um homem, uma mulher e uma criança pequena. Aparentemente uma família. Certamente uma família, porque o quadro era bem mais do que apenas familiar. A moça via ali, deitados n
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