Esdruxulamente poético. É o que se pode dizer do cenário da prisão de Dzhokhar Tsarnaev, jovem de 19 anos, de origem chechena, um dos autores do atentado a bomba na maratona de Boston, em abril último. Depois de longa caçada, os policiais locais encurralaram o rapaz nos fundos de um quintal, ferido, dentro de um barco. Como há muito tempo acredito que na raspa do tacho de qualquer coisa sempre vem junto alguma poesia, não creio que com esse atual já-velho caso de violência pudesse ser diferente. Certamente era de ligação o místico Verbo que no princípio apenas “era”. “Sendo”, ele ligava os seres a suas singularidades. Singularidades poéticas, sem dúvida, escandidas num mundo inapelavelmente uno, paradoxalmente vário, e necessariamente transitivo. Intransitividade é invenção recente, nasceu rótulo gramatical; na vida real é a poesia que desde sempre atravessa tudo, súbito relâmpago ascendente, trovão luminoso. Muitas vezes os olhos não a veem, os ouvidos não a captam, o paladar en
Alguns lugares, à primeira vista, encantam. Então chegamos mais perto e, bem de perto, muitas vezes vemos que eles não têm nem beleza nem feiúra; que, na verdade, não repelem, tampouco atraem, não dizem nem calam. Entendemos, enfim, que existem lugares vazios até de negativas. Com muitas pessoas pessoas acontece exatamente o mesmo. Deus me livre!