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Mostrando postagens de 2013

Brainstorming

Na noite escura o vento bate tuas portas e janelas abertas. Embarcação à deriva, vagas pelas trevas desperta pelos raios e trovões que vibram e te mantêm alerta. E teus olhos - vivos e singulares - investigam o interior de tua morada, o teu próprio, no afã de enxergar a luz que por fim só lá existe. "Fiat lux!" Finda a noite. Chega o dia, claro, nítido, Vivo. Livre estás. Em paz. A luz foi feita, e existirá (pelo menos) até a próxima tempestade.

Entre barcos e panelas de pressão, poesia

Esdruxulamente poético. É o que se pode dizer do cenário da prisão de Dzhokhar Tsarnaev, jovem de 19 anos, de origem chechena, um dos autores do atentado a bomba na maratona de Boston, em abril último. Depois de longa caçada, os policiais locais encurralaram o rapaz nos fundos de um quintal, ferido, dentro de um barco. Como há muito tempo acredito que na raspa do tacho de qualquer coisa sempre vem junto alguma poesia, não creio que com esse atual já-velho caso de violência pudesse ser diferente. Certamente era de ligação o místico Verbo que no princípio apenas “era”. “Sendo”, ele ligava os seres a suas singularidades. Singularidades poéticas, sem dúvida, escandidas num mundo inapelavelmente uno, paradoxalmente vário, e necessariamente transitivo. Intransitividade é invenção recente, nasceu rótulo gramatical; na vida real é a poesia que desde sempre atravessa tudo, súbito relâmpago ascendente, trovão luminoso. Muitas vezes os olhos não a veem, os ouvidos não a captam, o paladar en

MÃE ÁFRICA

(Música: BENÉ LESSA e MÁRIO PEDRO; letra: LUCIANO NASCIMENTO) Das savanas, vêm Mandelas, mandá-las de todo porvir; das Bahamas, marleyanas memórias, kizomba, Zumbi; um mar de esperanças se "luthernizou": "I have a dream..." As mucamas já não são mais escravas do mesmo servir; de suas mamas jorra a linfa da bênção, o axé de Zambi; o sonho de um povo se realizou: "We´ve reached The dream!" Mama África, mama Loba, mama! Obá mandou bramar suas águas! A enxurrada de Obá mantém fortes os filhos que Mama Loba ama.

Calmaria

Perdi  as contas e ao final de tantas desisti  de entender:  histórias escusas envolvem  você. Busquei as repostas de tudo o  porquê; foi tudo em vão, na tempestade mais viva, fui barco  à deriva, sem remo ou timão. Foi tudo em vão, o tentar resistir, o buscar  compreender. Mas com um sorriso você diz: "Te amo!" Um gesto, o carinho preciso, profundo oceano, carisma e encanto, um divino viço dissipa o engano... A vida à volta é só calmaria e a paz, gaivotando piruetas ao vento, me beija no peito  a flor que se abria prum novo dia, um novo momento. Abismo vencido, marujo atento no mar infinito tem berço e chão; cerrados os olhos, se entrega ao vento, percebe que a vida é  além da razão.