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Mostrando postagens de outubro, 2018

Tristes & utópicos

Me arrisco a dizer que a maioria das salas de professores no Brasil sempre se dividiu de maneira clara e não equânime em dois grupos distintos de profissionais: os tristes e os utópicos. De tempos em tempos a quantidade de integrantes em cada um desses grupos se alterna significativamente, num processo às vezes lento, outras vezes, nem tanto. Os tristes eram aqueles que, a despeito da idade, já tinham se deixado abater por algumas dificuldades inerentes à docência: a relativamente comum falta de interesse de alguns alunos, a constante correria entre uma escola e outra, a exaustão gerada por um trabalho que não se deixa para trás e que nunca termina... Negligenciados, todos esses fatores levam de fato qualquer um à fadiga; associados a salários injustos (quando não humilhantes), esses mesmos fatores com facilidade conduzem o profissional a um estado bastante compreensível de tristeza constante e até de certo rancor. Como espécie de antídoto à melancolia dos tristes, sempre

Era uma vez (ou Um conto de fodas)

Era uma vez uma senhora de idade incerta e duvidosa chamada Democracia. Uns diziam que ela era muito velha; ela, por sua vez, sempre que perguntada sorria ambígua e afirmava ainda nem ter nascido de verdade. Certo é que a Democracia já tinha tido vários casos: Tribos, Impérios... e Repúblicas também, sem problemas com o gênero de sua eventual companhia.                 Não tinha se casado com ninguém, não tinha filhos. Cansada de se entregar e ser traída, ela havia resolvido viver de momentos. Carpe diem, dizia.                 Mas – como acontece com todo mundo – um dia a Democracia se apaixonou de verdade. Achou que daquela vez seria pra sempre. Era um garotão espadaúdo de nome Mercado. Falastrão, ele repetia a toda hora que era “liberal” e esse era seu maior “mérito”.                 Chegou de mansinho, acenou, flertou, mandou flores (artificiais), chamou pra jantar, dançar, e, quando a Democracia deu por si, eles já andavam de braços dados, como se fossem amantes desde sempre. D